Continuando a explorar as consequências decorrentes das alterações climáticas, das quais já abordei na publicação anterior, doenças transmitidas por vectores, hoje, proponho-me a explorar os efeitos das temperaturas extremas na saúde.
A exposição ao calor intenso, principalmente quando esta exposição se prolonga por vários dias consecutivos, pode provocar diversas perturbações no organismo que, pela sua gravidade podem exigir cuidados médicos de emergência. De entre estas perturbações destacam-se:
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), onda de calor, representa um período que se caracteriza por temperaturas anormalmente elevadas ou uma invasão de ar muito quente. Deste modo, uma onda de calor pode ser caracterizada por temperaturas máximas muito elevadas, persistentes e temperaturas mínimas elevadas. Concomitantemente quer a humidade relativa, a velocidade do vento e a tolerância das pessoas ao clima de uma determinada região, influenciam a sua capacidade para suportar esta situação climática.
Tem-se vindo a evidenciar uma forte associação entre o excesso de mortalidade e a existência de períodos de três ou mais dias consecutivos de temperaturas elevadas não habituais. Esta associação observa-se no primeiro dia ou com um atraso de até três dias depois do aumento das temperaturas.
Esta acção revelou-se bastante rica em termos de partilha de experiências, contacto com a realidade de cada local, com as pessoas e com as suas necessidades. Ao reflectir sobre esta experiência percebi que, ao estudarmos ocorrências de saúde na população, devemos fazê-lo sempre identificando e analisando o contexto onde esta se insere, tendo em conta que as relações entre grupos populacionais e o meio ambiente físico e social onde se inserem têm efeitos sobre os indivíduos.
Tem-se vindo a evidenciar uma forte associação entre o excesso de mortalidade e a existência de períodos de três ou mais dias consecutivos de temperaturas elevadas não habituais. Esta associação observa-se no primeiro dia ou com um atraso de até três dias depois do aumento das temperaturas.
Os idosos e as crianças menores de 3 anos são dois grupos particularmente vulneráveis aos efeitos do calor, que se traduzem fundamentalmente pela desidratação (perda de água pelo organismo através da transpiração, urina e fezes - sobretudo diarreia). No caso dos idosos, a sensibilidade do centro hipotalâmico da sede encontra-se fisiologicamente diminuída, o que faz com este seja um grupo particularmente predisposto à desidratação.
No sentido de dar resposta a esta situação, a Direcção Geral de Saúde divulgou o plano de contingência para as temperaturas extremas adversas, com o intuito de reforçar o sistema de vigilância e alerta existente, minimizando os efeitos negativos dos períodos de calor intenso e de frio intenso.
Desde 2003, existe um plano de contingência direccionado para as ondas de calor (Plano de Contingência para as Ondas de Calor (PCOC)), contudo, este ano o plano sofreu uma reestruturação entendida como necessária pela Direcção Geral de Saúde, alargando o tema aos períodos de frio intenso. Desta forma, pretende-se que a vigilância seja realizada de forma continua ao longo do ano, com especial incidência nos períodos com maior probabilidade de ocorrência de temperaturas extremas com impactos negativos para a saúde humana.
Assim, o conhecido PCOC passou a denominar-se Plano de Contingência para as Temperaturas Extremas Adversas, apresentando dois módulos distintos: o Módulo Calor, que incide sobre o período Primavera-Verão; e, o Módulo Frio, que incide sobre o período Outono-Inverno. O módulo do calor é activado anualmente pelo período entre 15 Maio a 30 Setembro.
No seguimento deste plano e no âmbito do módulo do calor, a unidade de saúde pública onde me encontro a estagiar, planeou uma acção de sensibilização direccionada para idosos, crianças e jovens institucionalizados que envolveu os respectivos elementos da direcção, técnicos de serviço social e técnicos auxiliares com o objectivo de incitar a adopção medidas para se protegerem do calor.
Para que esta acção fosse mais atractiva e provocasse maior impacto, elaborámos um cartaz ilustrado (Figura 1) e um folheto informativo (Figura 2), que deixámos em cada instituição.
Figura 1 - Cartaz Informativo |
Figura 2- Folheto Informativo (Clique na imagem para ampliar) |
Esta acção revelou-se bastante rica em termos de partilha de experiências, contacto com a realidade de cada local, com as pessoas e com as suas necessidades. Ao reflectir sobre esta experiência percebi que, ao estudarmos ocorrências de saúde na população, devemos fazê-lo sempre identificando e analisando o contexto onde esta se insere, tendo em conta que as relações entre grupos populacionais e o meio ambiente físico e social onde se inserem têm efeitos sobre os indivíduos.
Depois de ter visitado diversas instituições privadas de solidariedade social, defini mais concretamente que, sempre que falamos em ambiente, estamo-nos a referir também a dimensões sociais e culturais, uma vez que estas nos ajudam a ter uma percepção dos comportamentos e/ou reacções dos indivíduos face ao meio onde estão integrados e desta forma permite-nos-á adequar as medidas de prevenção a cada realidade, a cada contexto! Somente desta maneira conseguimos estudar de forma completa e integrada a reciprocidade entre os indivíduos e o ambiente.
Da acção levada a cabo pela unidade de saúde pública, resta-me concluir que, ainda que surjam muitas dificuldades, muitos obstáculos e que na realidade a promoção da saúde represente um desafio não tão fácil como parece, que requer paciência e dedicação, continuo sinceramente a acreditar que a capacitação em saúde da população em geral e dos grupos específicos que a integram, é a melhor estratégia para a sua efectividade .
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