quinta-feira, 15 de março de 2012

Diagnosticar e tratar malária assintomática reduz transmissões

A malária é causada por um parasita chamado Plasmodium, que é transmitido através de picada de mosquitos infectados. No corpo humano, os parasitas multiplicam-se no fígado e, em seguida infectam os eritrócitos (glóbulos vermelhos).

Os sintomas mais frequentes desta doença são febre, dor de cabeça, vómitos e, e geralmente aparecem entre 10 e 15 dias após a picada do mosquito. Se não for tratada, a malária pode tornar-se rapidamente com risco de vida, interrompendo o fornecimento de sangue aos órgãos vitais. Em muitas partes do mundo, os parasitas desenvolveram resistência a diversos medicamentos contra a malária.

Embora a malária possa ser uma doença mortal, a mesma pode ser prevenida. Estima-se que 225 milhões de casos de malária e 781 mil mortes ocorreram em todo o mundo em 2009, com maior incidência na região africana.

Microsoft Word Viewer - Figure 1 - manuscript The diagnosis of imported malaria in children.doc

Fig. 1: Ciclo de vida do Plasmodium (clique na imagem para ampliar)

É contudo importante referir que, na última década, com o aumento do financiamento e do apoio internacional, conseguiu-se ampliar o controlo da malária pela implementação de metas que visavam aumentar a cobertura das intervenções para mais de 80% até 2010, com o objetivo de reduzir o paludismo em 75% até 2015, e eliminar a malária em 8 - 10 países até 2015. Este compromisso tem sido possível através do incremento de quatro intervenções-chave: mosquiteiros tratados com inseticida (MTI), pulverização residual (IRS) das famílias-alvo, o tratamento através da terapia combinada com artemisinina (ACT - principal tratamento da malária, reduz consideravelmente o nível da infeção), e o tratamento preventivo intermitente para grupos de alto risco, incluindo mulheres grávidas e crianças. Os programas que alcançaram uma alta cobertura com essas intervenções, têm mostrado diminuições significativas no número de casos de malária, internamentos e óbitos.

mosquito-malariaContudo a prevalência de indivíduos com malária sem sintomas, é uma das grandes preocupações dos especialistas que trabalham para eliminar esta enfermidade, uma vez que os mesmos podem disseminar a doença em áreas em que esta está controlada ou em declínio. Num estudo levado a cabo por cientistas do Instituto para a Investigação da Malária Johns Hopkins (EUA) foi descoberto que a estratégia de identificar ativamente malária não diagnosticada e aplicar tratamento promove uma diminuição dos casos.

De acordo com Catherine Sutcliffe, do Departamento de Epidemiologia daquele organismo e autora principal do estudo, são necessárias novas estratégias, principalmente em áreas onde a transmissão está em declínio. Sendo uma delas detetar e tratar os indivíduos infetados, incluindo aqueles que não se sentem doentes o suficiente para procurarem cuidados médicos. A autora foca ainda que, uma vez que estes indivíduos não apresentam sintomas suficientemente graves para procurarem cuidados, as infeções continuam sem tratamento, servindo estes indivíduos como reservatórios do parasita, mantendo-se a transmissão. Deste modo serão necessárias estratégias adicionais, especialmente em áreas de transmissão em declínio, sendo uma delas a identificação e tratamento de indivíduos assintomáticos ou minimamente sintomáticos, ao mesmo tempo que se oferece tratamento àqueles que estão infetados. Segundo a mesma, uma forma de melhorar a estratégia será utilizar uma terapia combinada com artemisinina como tratamento para reduzir a transmissão a mosquitos do parasita que provoca a doença. A investigadora acredita portanto que a implementação desta estratégia, em regiões onde a transmissão está em declínio, pode reduzir o risco de malária ou até mesmo conduzir à sua erradicação. Estas ações representam uma estratégia pró-activa, as quais permitiram uma redução de seis vezes da prevalência da doença. Deste modo, para além de se reduzir a transmissão, aumenta-se, ainda que de forma indireta, a proteção das populações.

Artigo:Reduced Risk of Malaria Parasitemia Following Household Screening and Treatment: A Cross-Sectional and Longitudinal Cohort Study

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