sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BIOCOMBUSTÍVEIS SÃO MAIS ECOLÓGICOS?

yO polémico debate sobre a sustentabilidade dos biocombustíveis foi reacendido por um novo estudo levado a cabo pelo Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (EMPA). O estudo intitulado “Harmonisation and Extension of the Bioenergy Inventories and Assessment”, contou com colaboração de cientistas de várias instituições - Empa, Institute Agroscope Reckenholz-Tänikon (ART) e Paul Scherrer Institute (PSI). A avaliação realizada envolveu a comparação do desempenho ambiental de 25 biocombustíveis e da gasolina. Os indicadores utilizados foram desde o potencial contributo para o aquecimento global, à destruição da camada de ozono, passando pelo aumento da ecotoxicidade dos meios de água doce e da toxicidade para os humanos. Embora tivesse sido considerado que os biocombustíveis possam ser sustentáveis, dependendo das condições e da tecnologia envolvida, os resultados sugerem que apenas alguns são mais ecológicos do que a gasolina. Sendo os biocombustíveis uma energia renovável derivada de produtos agrícolas, como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica, permitem diminuir a emissão de gases poluentes. A grande questão coloca-se no facto de os biocombustíveis não poderem, na prática, substituir os combustíveis fósseis (gasolina e gasóleo), se considerarmos que a área necessária para a sua produção implicaria uma redução da área agrícola, fundamental para a produção de matéria-prima para a produção de alimentos. “A maioria dos biocombustíveis, portanto, apenas altera o tipo de impacto ambiental: menos gases com efeito de estufa, mais poluição relacionada com a terra utilizada para a agricultura”, afirmou Rainer Zah, do EMPA. Desta forma, dando uso à expressão “uma solução não pode constituir um novo problema”, o que se constata é que estes combustíveis alternativos podem vir a representar uma pegada carbónica maior, se a sua produção implicar a desflorestação para a criação de áreas de cultivo de matéria-prima, considerando os impactos ambientais que daí podem advir pela acidificação do solo, poluição de lagos e rios e pelos níveis de fertilizantes usados no cultivo da vegetação. Por outro lado, efeitos positivos podem ser alcançados se o cultivo de agrocombustíveis contribuir para o aumento do teor de carbono do solo. Dos resultados obtidos concluiu-se também que, dependendo da matéria-prima usada, o biogás produzido a partir de resíduos e desperdícios é um dos poucos biocombustíveis que menos prejudica o ambiente em comparação com a gasolina, podendo o seu impacto ambiental ser menos de metade em relação aos combustíveis fósseis.