quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sumo de Limão e Desinfeção Solar podem Melhorar a Qualidade da Água

water_glass_limeSegundo os resultados apresentados na edição de abril de 2012 do American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, os investigadores da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e Johns Hopkins School of Medicine, descobriram que a adição de sumo de limão à água que é tratada pelo método de desinfeção solar remove significativamente e mais rápido níveis detetáveis ​​de bactérias prejudiciais, tais como Escherichia coli (E. coli), do que apenas com a desinfeção solar.

Para muitos países, o acesso à água potável ainda é uma grande preocupaçãohands. Estudos anteriores estimam que a nível mundial, metade dos leitos hospitalares são ocupados por pessoas que sofrem de doenças veiculadas pela água, disse Schwab Kellogg, PhD, MS, autor do estudo, diretor da Universidade Johns Hopkins e do Programa Global de Água e professor integrado no Departamento da Escola Bloomberg de Ciências de Saúde Ambiental. Os resultados preliminares deste estudo demonstraram que a desinfeção solar de água combinada com citrinos poderá ser eficaz na redução dos níveis de E. coli em apenas 30 minutos, um tempo de tratamento em pé de igualdade com ebulição e outros métodos de tratamento de água de uso doméstico. Além disso, 30 mililitros de sumo de limão por 2 litros de água ou meio limão para uma garrafa de água, representa uma quantidade que para além de não se tornar cara, não cria um sabor desagradável.

A Desinfecção Solar da Água (SODIS) é um processo simples e ecologicamente sustentável, representando uma solução de baixo custo para se beber água tratada ao nível doméstico. O SODIS usa energia solar para a destruição de microorganismos patogênicos – organismos causadores da contaminação da água com doenças, melhorando a qualidade da água de beber. Os microorganismos patogênicos são vulneráveis a dois efeitos da luz solar: radiação no espectro da luz UV-A (comprimento de onda 320-400nm) e calor (aumento de temperatura da água). Deste modo, a mortalidade dos microorganismos aumenta quando eles são expostos simultaneamente a um aumento de temperatura e a luz UV-A.

SODIS é um processo ideal para desinfetar quantidades pequenas de água de baixa turvação.

800px-Pictograms_SODISpt

A água contaminada é colocada em garrafas de plástico transparente (PET) e exposta à plena luz solar durante seis horas. No período de exposição solar os microorganismos causadores de doenças são destruídos. Havendo nebulosidade durante pelo menos 50% do período, as garrafas de plástico precisam ser expostas durante por 2 dias sucessivos para produzirem água segura para consumo. Porém, se as temperaturas da água excederem 50°C, uma hora de exposição é suficiente para obter água boa para consumo. A eficiência do tratamento pode ser melhorada se as garrafas de plástico estiverem acomodadas em superfícies refletoras da luz solar como alumínio ou placas de ferro onduladas.

A utilização de energia solar como forma de desinfecção de águas, além de ser uma fonte natural disponível é perfeitamente aplicável em regiões menos desenvolvidas em infraestrutura e recursos financeiros, uma vez que se trata de um processo de baixo custo que está ao alcance de qualquer pessoa. Uma combinação entre temperatura e radiação ultravioleta tem ação bactericida e possibilita a desinfeção da água. Nos países subdesenvolvidos, a desinfeção solar é um dos vários métodos de tratamento de água de uso doméstico para efetivamente reduzir a incidência de doença diarréica. Este é um método que é recomendado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) sendo conhecido como SODIS (desinfecção solar de água).

Para determinar se um dos componentes ativos do limão mais conhecidos como psoralenes, poderiam aumentar a desinfecção solar da água, Schwab e Alexandre Harding, principal autor do estudo e um estudante de medicina na Johns Hopkins School of Medicine, analisou uma redução microbiana após a exposição a ambos luz solar e da luz solar simulada. Os pesquisadores encheram garrafas PET com água da torneira sem cloro e em seguida adicionaram o sumo de limão, Escherichia coli e também, bacteriófago MS2 ou norovírus murino. Os investigadores verificaram  que a redução dos níveis de Escherichia coli e  MS2 bacteriófagos foram estatisticamente significativas após a desinfecção solar, quando o sumo de limão foi adicionado à água, em comparação com água tratada apenas através da desinfecção solar. No entanto, verificou-se também que os norovírus não foram consideravelmente reduzidos pela mesma técnica, indicando que esta não é uma solução perfeita.

Muitas culturas já praticam este tratamento utilizando o sumo de frutas cítricas, concluindo-se deste modo que este método de tratamento será mais atraente para os potenciais utilizadores do SODIS que outros aditivos, tais como TiO2 [dióxido de titânio] ou H2O2 [água oxigenada], sugerem os autores do estudo. No entanto, é também dado o alerta, para a necessidade de serem realizadas pesquisas adicionais para avaliar o uso de limão ou outras frutas ácidas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Fundo de Saúde e Segurança Alimentar Mais

clip_image002Foi apresentada uma proposta de lei pelo Ministério das Finanças e da Agricultura, e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal. O diploma tem como objetivo criar o Fundo de Saúde e Segurança Alimentar Mais, uma bolsa de futuro para compensar os produtores no quadro da prevenção e erradicação de doenças dos animais e das plantas ou das infestações por parasitas, bem como apoiar as explorações pecuárias e incentivar o desenvolvimento da qualidade dos produtos agrícolas.

Trata-se de um novo imposto sobre o comércio de alimentos que irá abranger todos os estabelecimentos com mais de 400 metros quadrados. Entre super-mercados, hiper-mercados e grossistas, o número de lojas que vai ter de pagar a taxa deverá chegar aos dois milhares. O imposto será calculado em função da área de venda de cada estabelecimento.

Num tempo que se devia caracterizar pela defesa da produção nacional, esta parece-me ser uma medida que nada apoia a produção nacional, podendo claramente repercutir junto dos consumidores pelo aumento de preços dos alimentos em Portugal ainda que a ministra da Agricultura afirme que a taxa sobre a alimentação que o Governo quer aplicar aos supermercados visa obrigar a grande distribuição a contribuir para a segurança alimentar.

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), contestou a taxa de saúde e segurança alimentar tendo reagindo ao diploma. Para quem tenha mais interesse em perceber os pontos que foram alvo de contestação, passarei a partilha-lhos:

1- Não é sustentável que, a pretexto das dificuldades financeiras, o Governo comece a lançar taxas sobre as empresas com base em princípios mais ou menos vagos como o princípio do” utilizador pagador”, invocado no preâmbulo do decreto-lei que cria o Fundo e a Taxa.

O projeto de decreto-lei, em concreto, o seu artigo 9º responde, pelo menos em parte, a essa questão. De acordo com o seu número 1 - É devido o pagamento, pelos estabelecimentos de comércio alimentar de produtos de origem animal e vegetal, frescos ou congelados (…).E o que são os estabelecimentos de comércio alimentar? O número 3 do artigo supra referido responde a essa questão: entende-se por estabelecimento de comércio alimentar» o local no qual se exerce uma atividade de comércio alimentar, por grosso ou a retalho, incluindo os estabelecimentos de comércio misto (…) Temos assim duas realidades potencialmente abrangidas por esta taxa: Os estabelecimentos, por grosso de produtos alimentares e os estabelecimentos retalhistas que comercializem também estes produtos.

O diploma exclui algumas realidades do pagamento da taxa, da seguinte forma:

2 - Estão isentos do pagamento da taxa a que se refere o número anterior, os estabelecimentos com uma área de venda inferior a 400 m2 ou pertencentes a microempresas, desde que não pertençam a uma empresa que utilize uma ou mais insígnias ou esteja integrada num grupo, e que disponham, a nível nacional, de uma área de venda acumulada igual ou superior a 2000 m2.

2. Temos assim da conjugação dos números um e três com o número dois, as seguintes realidades abrangidas pelo pagamento da taxa:

  • Estabelecimentos de comércio alimentar por grosso ou a retalho com mais de 400m2, desde que não se enquadrem no conceito de microempresa;
  • Estabelecimentos de comércio alimentar por grosso ou a retalho, que independentemente da dimensão, pertencentes ou não a microempresas utilizem uma insígnia comum e o conjunto de estabelecimentos utilizando a mesma insígnia tenha uma área acumulada superior a 2000 m2.

3. Confrontando estes conceitos com a nossa realidade empresarial temos que:

  • Quanto aos estabelecimentos de comércio POR GROSSO DE PRODUTOS ALIMENTARES pelas suas características ( operam em espaços de dimensões significativas e têm pela natureza da atividade um número de trabalhadores e volume de negócios que não se enquadra no universo das microempresas)serão na sua esmagadora maioria abrangidos por esta taxa.

    De acordo com os dados estatísticos existentes teremos cerca de 500 estabelecimentos por grosso, especializados ou não, abrangidos pelo pagamento da taxa.

    Estamos a falar, neste caso, de empresas que não sendo microempresas são pequenas e médias empresas, neste sector de atividade. Acresce, que muitos destes pequenos grossistas fornecem estabelecimentos a retalho, também eles abrangidos por esta taxa verificando-se, nestas situações, uma duplicação de taxas insustentável para pequenos operadores.

  • Quanto aos estabelecimentos a retalho, teremos várias realidades abrangidas pelo pagamento das taxas.
    Serão obviamente abrangidos todos os estabelecimentos pertencentes aos grandes grupos económicos, mas serão igualmente abrangidos um número muito significativo de estabelecimentos pertencentes a pme.

(Fonte: circular 30/2012, 12 abril 2012)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Infeção Alimentar VS Intoxicação Alimentar: descubra a diferença!

As diferenças entre intoxicações e infecções de origem alimentar resultam do modo de atuação dos agentes etiológicos no trato gastrointestinal.

infecção-alimentarInfecção Alimentar: provocada pela ingestão de alimentos contaminados por

microrganismos patogénicos, que se multiplicam em quantidade suficiente para provocar doença. O período de incubação, desde a ingestão ao aparecimento de sintomas é geralmente longo (24horas). Ex.: Salmonella, Shigella, Listeria, etc.

Intoxicações Alimentares: provocada pela ingestão de alimentos contaminados por substâncias tóxicas (toxinas) produzidas pelos microrganismos nos alimentos. O período de incubação é geralmente curto (algumas horas). Ex.: Staphylococcus, Escherichia coli, Clostridium botulinum.

Também são denominadas intoxicações as ocorrências que resultam da ingestão de alimentos, contendo substâncias químicas tóxicas ou venenos.

É uma doença de origem alimentar, provocada pela ingestão de alimentos contaminados por algumas bactérias e/ou suas toxinas, manifestando-se algumas horas após a ingestão dos alimentos contaminados e pode durar de 1 a 7 dias.

Para que a toxinfeção ocorra é necessário que:

• O microrganismo patogénico se encontre em quantidade suficiente para causar uma infecção ou produzir toxinas;

• O alimento seja capaz de sustentar o crescimento dos microrganismos patogénicos;

• O alimento permaneça por tempo suficiente a temperaturas que permitam que o microrganismo se multiplique e/ou produza toxina;

• Seja ingerida uma quantidade suficiente de alimento de modo a ultrapassar o limiar de susceptibilidade (dose infectante) do indivíduo que ingere o alimento.

A susceptibilidade pode variar bastante de indivíduo para indivíduo. Idosos, crianças e pessoas doentes são mais susceptíveis e serão afectados por uma dose infectante menor que a necessário para adultos saudáveis.

Ocorre todos os dias, mas a maior parte das vezes os sintomas manifestam-se de forma pouco evidente e perceptível, muitas vezes confundidos com os sintomas da gripe.

Os sintomas dependem da bactéria responsável e da quantidade de alimento contaminado ingerido, sendo os mais frequentes a dor abdominal, diarreia, vómitos e em alguns casos febre e dor de cabeça.

As doenças de origem alimentar podem ser causadas por alimentos que:

  1. Parecem normais;
  2. Possuem odor normal;
  3. Possuem sabor normal.

As bactérias causadoras de toxinfeções podem ser divididas em dois grupos:

- Bactérias Infeciosas: Salmonella spp., Campylobacter spp. e Escherichia coli.

- Bactérias Intoxicantes: Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Clostridium botulinum.

Principais bactérias causadoras de Toxinfeção

Campylobacter spp.

- imageEstas bactérias são encontradas em aves domésticas, gado, suínos, ovinos, roedores e pássaros.

- A transmissão da infecção ocorre através de água contaminada, leite e carne.

- Pode sobreviver em embalagens de vácuo mas é destruído através da cozedura.

- A temperatura óptima para o desenvolvimento é entre 28 e 45ºC, todas as espécies crescem a 37ºc mas nenhuma cresce abaixo de 28ºC.

 

Clostridium botulinum

image- Vive no solo em ambientes húmidos, assim como no trato intestinal de animais e peixes.

- Causa de botulismo (doença de origem alimentar), quando o consumidor ingere as neurotoxinas pré-formadas.

- O botulismo está associado a alimentos enlatados de baixa acidez (principalmente caseiros), vegetais, peixe, produtos de carne, por exemple, peixe fumado ou em salmoura, presuntos crus e enchidos de carne.

- A toxinfecção ocorre quando os esporos de Cl.botulinum germinam num alimento (em condições anaeróbias) e as bactérias crescem e produzem toxinas que são consumidas quando o alimento é ingerido.

- Os esporos só são destruídos a temperaturas de 121ºC durante 3 minutos. A temperatura óptima para o desenvolvimento é entre 20 e 30ºC mas é viável entre 3º e 50ºC.

- Os surtos de doença estão relacionados com alimentos incorretamente enlatados cozinhados ou em latas danificadas. Alimentos pouco ácidos mal processados e produtos embalados a vácuo também têm sido implicados. Em condições de refrigeração e congelação a bactéria é persistente.

 

Clostridium perfringens

image- Encontrado no ambiente: solo, trato gastrointestinal do homem e animais.

- Formam esporos resistentes ao calor que facilmente germinam permitindo que as bactérias se multipliquem durante os períodos de refrigeração e armazenamento.

- A causa da intoxicação por Cl.perfringens é o abuso da temperatura de alimentos preparados (a cocção retira O2 e cria condições anaeróbias favoráveis),quando mal aquecidos ou reaquecidos.

- Os alimentos mais frequentemente implicados são as carnes, produtos cárneos e os molhos.

- A temperatura de desenvolvimento varia entre 20 e 50ºC sendo que a temperatura óptima varia entre 37 e 45ºC. Apesar das bactérias de Cl.perfringens serem destruídas pela refrigeração e congelamento, os esporos podem sobreviver.  É contudo, destruído através do aquecimento dos alimentos entre 55 e 65ºC por vários minutos.

- A transmissão para humanos ocorre, principalmente, através do consumo de alimentos contaminados tais como carnes cruas ou pouco cozidas e leite cru. São também implicados o sumo fresco de maçã, iogurte, queijo, vegetais e milho cozido.

- A contaminação fecal da água e outros alimentos, assim como a contaminação cruzada durante a preparação de alimentos também pode ser responsável pela transmissão aos humanos

- O gado (intestinos) é o principal reservatório e pode ocorrer contaminação da carne durante o abate e desmancha.

- É uma importante causa de colite hemorrágica e síndrome urémico hemorrágico. Nas crianças é a causa mais comum de Insuficiência Renal Aguda.

- Vários surtos internacionais originaram mortes. Na Escócia um surto em 1996 resultou em 21 mortes.

 

Escherichia coli entero-hemorrágica (E.coli O157:H7)

image- A temperatura de desenvolvimento varia entre 7º e 44,5ºC e é possível que resista até 4ºC. A temperatura óptima de desenvolvimento é de 37ºC.

- Amplamente distribuída no ambiente: terra, matéria orgânica em decomposição, rações para animais, água e esgotos; pode ser excretada por humanos e animais portadores (mamíferos, pássaros, peixes e crustáceos) . Qualquer produto de origem animal pode transportar a bactéria.

- Já foi encontrada em vários alimentos: leite e queijo supostamente pasteurizados, carnes e produtos de carne, vegetais crus, salsichas de carne crua fermentada, mariscos e peixes, assim como refeições preparadas refrigeradas.

- Um surto de Escherichia coli O104:H4 (STEC), bactéria produtora de toxina Shiga provocou cerca de 800 mortos na Alemanha em 2011.

Listeria monocytogenes

image  - É um patogénico resistente ao sal e a temperaturas baixas, o que causa sérios problemas no manuseamento e armazenamento, pois as temperaturas de refrigeração não inibem o seu crescimento e as bactérias podem sobreviver e multiplicarem-se por longos períodos, mesmo em condições desfavoráveis.

- Pode-se estabelecer no ambiente alimentar, sobrevivendo em biofilmes.

- A temperatura de desenvolvimento varia entre 1 e 3ºC e acima de 42ºC

- É uma importante causa de gastroenterite de origem alimentar, encontrando-se amplamente no ambiente e no trato gastrointestinal dos animais e Homem. Os Animais de produção, pássaros selvagens e animais domésticos são reservatórios comuns da bactéria.

Uma vasta variedade de alimentos contaminados está associada à salmonelose: carne bovina, suína e de aves crua, ovos e ovo-produtos, leite e derivados, peixe, camarões, fermentos, molhos e temperos para salada, sobremesas com cremes, gelatina desidratada, manteiga de amendoim, cacau e chocolates.

 

Salmonella spp.

image- A contaminação resulta frequentemente do controlo inadequado da temperatura, de más práticas de manipulação ou por contaminação cruzada de alimentos crus com alimentos.

- A temperatura de desenvolvimento varia entre 6 e 45ºC e a temperatura óptima de 38ºC e são destruídas a 60ºC, por 15 a 20 minutos.

- É encontrado no ar, pó, esgotos, água, leite de vacas com úberes infectados, Homem e animais.  Os dois últimos são os principais reservatórios de S. aureus que estão presentes nas vias nasais, na garganta, no cabelo e na pele.

- Transmite-se aos alimentos através das mãos, equipamentos ou utensílios contaminados.

- À temperatura ambiente forma uma toxina resistente ao calor seguido de crescimento da bactérias.

- A toxinfecção é causada pela ingestão das toxinas produzidas nos alimentos, quando este não foi mantido quente (60ºC ou mais) ou frio o suficiente (7,2ºC ou menos). A severidade depende da quantidade de toxinas que se desenvolveram.

 

Staphylococcus aureus

image- Os alimentos normalmente associados às toxinfeções são carnes e produtos de carne, frangos, ovo-produtos, saladas de atum, frango e massa, sobremesas com creme, bombons de chocolate, sanduíches, leite e produtos lácteos.

- Alimentos que requerem muita manipulação são os mais frequentemente envolvidos em toxinfeções alimentares por estafilococos.

- A temperatura de desenvolvimento varia entre 7 e 48ºC e as toxinas são produzidas entre 10 e 46ºC.

 

Yersinia enterocolitica

image- Muitos membros deste género podem crescer a temperaturas extremas e estão muito bem adaptados à sobrevivência no ambiente.

- É encontrada no trato gastrointestinal de muitas espécies de animais domésticos e selvagens e pássaros. O porco é o principal hospedeiro.

- Transmitida através da água, de alimentos contaminados (carne de porco crua e subprodutos) e do contacto com animais infestados, a transmissão também pode ocorrer entre pessoas. 

- A temperatura de desenvolvimento varia entre 0 e 44ºC, contudo a temperatura óptima varia entre 32 e 34ºC. É resistente a condições de armazenamento extremas como o congelamento durante 16 meses.

 

As Principais Fontes Contaminação

  • O Homem – é portador de bactérias na boca, nariz, mãos, intestinos e pode contaminar os alimentos quando os manipula, quando tosse ou espirra sobre os alimentos.
  • Os alimentos crus - podem ser “veículos” de contaminação, especialmente as carnes, os mariscos e vegetais.
  • Os insectos e roedores - podem transportar bactérias perigosas e pelos seus hábitos de vida facilmente contaminam os alimentos.
  • Animais domésticos e aves – No pêlo dos animais domésticos e nas penas das aves podem existir bactérias perigosas. Não deve ser permitida a sua entrada ou permanência nos locais onde se manipulam alimentos.

É possível controlar as bactérias atuando, de forma conjunta, sobre todos os factores que afectam o seu desenvolvimento, ou seja, através da introdução de barreiras que limitem o crescimento bacteriano. Deste modo, através da manipulação da temperatura,  humidade,  oxigénio e a acidez é possível restringir o número e tipo de bactérias que podem desenvolver-se nas condições fixadas. Obtendo-se deste modo, alimentos em que a presença de microrganismos indesejáveis é eliminada ou pelo menos reduzida para níveis que não afectem a saúde do consumidor.

Alimentos que pela sua composição permitem o desenvolvimento rápido das bactérias:

• Carne de animais de talho, crua ou cozida;

• Carne de aves;

• Carne picada;

• Pescado (peixes, marisco);

• Ovos crus;

• Produtos de pastelaria, especialmente bolos com creme;

• Alguns molhos e maioneses à base de ovos;

• Leite não pasteurizado e seus derivados (queijos frescos e de pasta mole).

 

  Algumas Medidas Preventivas: lavando

  • Evitar o contacto direto das mãos com os alimentos;
  • Separar alimentos crus dos alimentos cozinhados;
  • Separar os alimentos de origem animal dos vegetais;
  • Lavar as mãos frequentemente;
  • Não utilizar a mesma faca ou mesma tábua de corte para a preparação de alimentos crus e cozinhados, nem para manipulação de carnes provenientes de animais diferentes;
  • Cozinhar adequadamente os alimentos;
  • Manter os alimentos fora da zona de perigo (entre 5º e 65ºC);
  • Evitar o contacto dos alimentos com os equipamentos, utensílios ou superfícies de trabalho que se encontrem sujas;
  • Limpar e desinfetar o equipamento, utensílios e superfícies de trabalho após a sua utilização;

Reflexão

A qualidade e segurança alimentares são profundamente influenciadas pelas mudanças ocorridas nas modernas sociedades, quer por factores económicos, sociais, demográficos, culturais, quer pelo progresso científico e tecnológico.

As doenças de origem microbiana, transmitidas pelos alimentos, constituem um dos maiores desafios para a segurança alimentar e representam um problema crescente em Saúde Pública, não se encontrando apenas associadas a países subdesenvolvidos mas também a países desenvolvidos. Atualmente constata-se que estas doenças estão em constante modificação, verificando-se que a sua prevalência pode variar de época para época. Febre tifóide e cólera são exemplos de doenças que há um século atrás eram muito frequentes, e conseguiram ser controladas através da introdução de melhorias na elaboração e manipulação dos alimentos, nomeadamente a pasteurização do leite, a desinfeção da água e o tratamento das águas residuais.

Os microrganismos são seres vivos que apresentam uma grande capacidade de adaptação a factores ambientais hostis. Esta capacidade de resistência representa um dos fatores que nos remete para um cenário caracterizado pelo despoletar de novas doenças infeciosas de origem alimentar, bem como pelo reaparecimento de outras após largos anos de ausência. A era da globalização acaba desta forma por abarcar uma miríade de fatores que potenciam o aparecimento destas patologias.

Revela-se portanto indispensável que estejamos atentos a duas componentes fundamentais: a identificação de novos agentes infeciosos e novos problemas de saúde e a modificação do comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, bem como a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros susceptíveis. Nesta sequência, é percetível que a verdadeira emergência ocorre quando um microrganismo que não é identificado à partida como uma ameaça para a Saúde Pública, começa a causar doença.

O aparecimento de novas epidemias é uma realidade com que frequentemente nos temos deparado e com a qual devemos aprender a lidar. Ao mergulharmos na atualidade verificamos que vivemos numa época onde novas patologias surgem quase todos os anos, evidenciando uma expressão mais agressiva do que as estirpes anteriores.