quinta-feira, 31 de maio de 2012

A crise e o desinvestimento em segurança

A crise é desculpa para quase tudo, inclusive para não investir na segurança dos trabalhadores.

crise_mundial_segurançaA atual crise económica que se faz sentir em todos os mercados, está a instigar as empresas à realização de cortes significativos em todas as áreas de atividade, colocando em causa a segurança corporativa. Este panorama leva-me a concluir que ainda não desenvolvemos uma cultura de segurança dominante, pois  quando temos consciência que as empresas ao investirem na segurança, estão a apostar na proteção dos trabalhadores e das instalações, e ao mesmo tempo a contribuir para a redução das perdas e a assegurar as receitas, saberemos com certeza que um corte drástico nesta área, irá acarretar consigo um alto risco, quer pelo aumento dos acidentes de trabalho e doenças profissionais, bem como pelo aumento da vulnerabilidade e perda de competitividade.

Luís Lopes, coordenador do grupo que elaborou o plano de estratégia nacional para a segurança e saúde no trabalho, da Autoridade para as Condições de Trabalho, afirma que os empresários estão a desinvestir nas condições de trabalho por considerarem que se trata de um setor não produtivo.

Investir na segurança não é um custo mas antes um beneficio!

Os riscos psicossociais poderão vir a ser aqueles que representarão a potencial causa de absentismo nos próximos anos, esta questão prende-se não só com as condições físicas e imediatas do trabalho, mas também com as condições psicológicas em que o trabalho é preenchido.

Os acidentes de trabalho e as doenças profissionais acarretam, para o trabalhador, um conjunto de consequências, temporárias ou permanentes, quer  a nível pessoal, quer a nível laboral, que vão desde custos de saúde não suportados pelas seguradoras, interrupção/ redução da atividade física do trabalhador até a diminuição da remuneração durante o tempo da incapacidade e todo o cenário contribuirá para  o aumento das despesas  de uma forma geral e a diminuição da qualidade de vida.

 Quando a lesão causa a morte as consequência são claramente bastante mais gravosas!!

 De uma forma geral o acidente e a doença profissional provocam um sofrimento pessoal que não é quantificável em termos financeiros. Pode inclusivamente conduzir a uma grave degradação da situação social, caracterizada por uma diminuição de segurança e uma alteração dramática das circunstâncias sociais, principalmente quando um individuo se vê obrigado a abandonar o emprego.

 

 Custos dos Acidentes de Trabalho

Iceberg de Heinrich

Fig. 1 - Iceberg de Heinrich

Custo total dos AT = Custos Diretos + Custos Indiretos

Custos Diretos: representa o montante total das indemnizações e pensões pagas pelas seguradoras, respetivamente: prémios de seguros, reembolso do salário; despesas médicas.

Custos Indiretos: representa o valor assumido diretamente pela empresa, nomeadamente:  danos em máquinas; perdas de produção; imagem negativa da empresa perante a comunidade; tempo perdido na formação de outros trabalhadores para desenvolver a mesma atividade; pagamento de horas extraordinárias.

Aos custos aparentes  adicionam-se os custos indiretos, impossíveis de contabilizar na sua totalidade, abrangem:

– Custos salariais: trata-se de custos decorrentes do tempo perdido pela vítima, pelos colegas que interrompem o trabalho, pelo pessoal médico, pelo pessoal técnico responsável pela reparação do equipamento danificado;

 – Custos decorrentes do aumento das despesas de gestão do pessoal: abrangem as despesas decorrentes da admissão de um substituto temporário ou definitivo, dos salários complementares pagos à vítima para além das prestações pagas pelo seguro, das horas suplementares pagas aos colegas da vítima para que recuperem o tempo perdido e da formação dispensada aos substitutos;

 – Custos materiais: dizem respeito à reparação ou substituição do equipamento danificado, ao aumento dos prémios de seguro contra “danos em equipamento”;

– Outras despesas de peritagem, honorários de advogados, sanções, etc.

Estes prejuízos indiretos podem ser três a cinco vezes superiores aos custos diretos.

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