sábado, 8 de janeiro de 2011

Processo de qualificação de fornecedores

Na primeira semana do ano 2011, tive a oportunidade de conhecer outro tipo de auditorias realizadas pelo serviço costumer testing service da SGS, auditoria de qualificação de fornecedores (AQF).
Este tipo de auditoria representa um meio eficaz para avaliar e conhecer as condições em que é produzido o produto, bem como o sistema de autocontrolo dos fornecedores. Nestes casos, a SGS é contratada pelos clientes destes fornecedores, para verificar a garantia de qualidade dos produtos que lhe são fornecidos. Ao fim ao cabo, esta é uma forma dos operadores do sector alimentar, conhecerem as potencialidades e as restrições que um fornecedor oferece, colocando um pouco à margem a realização de negócios baseados na prática simplista da concorrência de preços.
Na realidade, a introdução de perigos susceptíveis de provocar doença no ser Humano, associados ao consumo de géneros alimentícios pode ocorrer em qualquer ponto da cadeia alimentar e, por isso, torna-se fundamental um controlo adequado ao longo da mesma. Os próprios regulamentos comunitários (Reg ce 852/04; 853/04; 178/06) apontam aspectos que sublinham a importância do cumprimento das obrigações básicas de higiene e segurança alimentar desde a produção primária, sendo o grande objectivo acompanhar o que comemos  “from farm to fork”.
Em termos gerais, penso que as auditorias destinadas a avaliar e qualificar os fornecedores , representam um ponto chave face às necessidades actuais neste mercado global.  De facto, a crescente exigência do consumidor, conduz também à necessidade de se produzirem produtos cada vez melhores e a menos custo.
Ao longo destas auditorias, a nossa atenção é essencialmente focada na avaliação das condições  das instalações, controlo do processo, sistema de gestão da qualidade, aspectos relacionados com o HACCP e pré-requisitos de higiene, nomeadamente; controlo analítico, controlo de pragas, manutenção, rastreabilidade, transporte, formação e higiene pessoal (fig. 1). No final das mesmas, reunimos dados suficientes para determinar a competência, qualidade, segurança e confiança dos produtos e serviços dentro das especificações requeridas. Importa todavia referir que, ainda que alguns parâmetros, alvo destas auditorias, sejam comuns a todos os fornecedores, são também considerados ou atribuída uma ponderação diferente a certas questões, de acordo com as exigências do cliente.

AQF

           Figura 1- Processo de qualificação de fornecedores

A qualificação de fornecedores acaba por se revelar um elemento que permite selecionar e diferenciar os melhores fornecedores, estimulando uma cadeia de fornecimento cada vez mais competitiva, onde não é só beneficiado o comprador (cliente) , bem como os consumidores finais. Ao fim ao cabo, a qualificação de fornecedores vai permitir que sejam estabelecidas e mantidas relações de cooperação entre o cliente (ex: hipermercado), e um fornecedor (ex: fábrica de confeitaria), uma vez que o cliente auxilia o fornecedor a obter as condições necessárias para o fornecimento e o fornecedor mantém /melhora as suas práticas obtendo um produto que satisfaz os requisitos. Desta forma é-lhe conferida a possibilidade de eliminar falhas que tenham sido identificadas durante etapas de avaliação, permitido-lhe desenvolver as suas capacidades e optimizar o desempenho ao nível da qualidade e segurança alimentar.
 
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"O Vinho é a mais sã e higiénica das bebidas"
(Pasteur)
 
 
 
Depois de todo o esclarecimento anterior, resta-me agora expor que a AQF que realizei foi a uma empresa produtora de vinhos, vulgarmente conhecida como Adega.
Depois da auditoria, e já de regresso a Lisboa, lembrei-me da célebre frase proferida pelo cientista francês, Louis Pasteur, isto porque, uma coisa é certa, quando realizamos uma auditoria temos que obviamente ponderar e conhecer o tipo de produto que vamos verificar, bem como os perigos a que este pode estar sujeito. Considerando, que existia um circuito fechado onde o vinho circulava, os riscos de contaminação eram substancialmente reduzidos, ainda para mais falamos de uma bebida com teor alcoólico, cuja produção é realizada com ausência de oxigénio. Ainda que por vezes se beba como água, esta última pode apresentar critérios microbiológicos mais preocupantes que o próprio vinho! Contudo, todas estas razões não excluem a exigência do cumprimento dos requisitos de higiene, em todas as fases de produção, nomeadamente no armazenamento, na higiene dessas instalações, entre outros.

 
CHARGESPor outro lado, gostaria ainda de referir algumas constatações que tenho vindo a realizar no âmbito de higiene e segurança no trabalho, pois de facto é algo não me passa desapercebido, uma vez que a minha formação contempla também essa área de estudo, não sendo por isso dissociável das observações ao nível da segurança alimentar.
Ao longo destes meses, tenho verificado que ainda continuam a existir muitas situações que em nada favorecem a segurança e saúde no trabalho, quer seja por práticas incorrectas, como exemplo: existência de equipamento de protecção individual (EPI) e a não utilização pelos trabalhadores, ao nível da segurança, laboratório de análises com um aquecedor de resistência junto de uma botija de gás, corrimão de alumínio solto do chão numas escadas que estabeleciam a ligação entre dois pisos, e até mesmo ao nível da formação, verifica-se que os colaboradores destas empresas são formados com número de horas consideráveis em higiene e segurança alimentar, mas em higiene e segurança no trabalho o mesmo não verifica.
Partindo do princípio que a implementação de um sistema de higiene e segurança no trabalho permite mitigar condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador, será uma vantagem competitiva para qualquer organização o desenvolvimento de uma política Higiene Saúde Segurança no Trabalho, quer pelo aumento dos níveis de motivação dentro da organização, que irão estimular o aumento da produtividade e redução do absentismo (acidentes de trabalho e doenças profissionais), maior retenção dos recursos humanos, um pontos chave que referi à tempos como causa da não continuidade da implementação das boas práticas num estabelecimento, contribuindo todos estes pontos para redução dos custos, melhoria da imagem e por sua vez  um maior grau de fidelização dos clientes.

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