segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desenvolvimento Sustentável...uma reflexão!

 

"Tratamos hoje a natureza como há 100 anos tratávamos os operários. Nessa altura, não incluíamos nos custos de produção os encargos com a saúde e a segurança social, tal como não incluímos hoje nesses custos a saúde e a segurança da natureza. Os custos dos impactos ambientais têm de ser considerados como um custo a incorporar se queremos continuar em actividade."[1]

 

30631_1391032130464_1071933054_1130651_6292495_nDe uma forma muito breve, o conceito de desenvolvimento sustentável, nada mais é, que um processo de organização da sociedade, quer ao nível das mentalidades como dos próprios procedimentos, para que sobrevivência da espécie humana seja garantida através da igualdade social e da protecção ambiental. Apenas desta maneira será possível o acesso, cada vez maior, do número de pessoas aos níveis de vida socialmente aceitáveis e, conjuntamente, garantida uma utilização progressiva e mais eficaz dos recursos existentes.

Actualmente o termo sustentabilidade é utilizado com bastante frequência, num discurso político, numa entrevista a um especialista económico, etc., passando a ideia de que estes discursos de nada valem se o conceito de sustentabilidade não estiver patente, mesmo que tal nada o justifique.

Muito provavelmente, a vulgarização do termo e do seu conceito, tem sido um dos principais obstáculos à consciencialização de que este representa, no início deste século, uma importância indispensável para a implementação de políticas reguladoras da actividade humana ao nível global, na medida em que estas podem contribuir de forma decisiva para a deterioração do equilíbrio social, económico e ambiental do planeta.

No meu ponto vista, deparamo-nos com duas dimensões que têm de ser consideradas, nomeadamente, a opção de conceber uma união global para cuidar da Terra ou por outro lado arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida.

Chegamos a uma fase onde são necessárias mudanças nos nossos valores, quer ao nível institucional quer ao nível dos estilos de vida. Torna-se fundamental fazer a viragem nos nossos comportamentos altamente consumistas, para que o meio ambiente consiga manter-se. Apenas desta forma, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não para o ter mais. Ao fim ao cabo, torna-se imprescindível fazer pressão sobre os governos nacionais e regionais para que estes contemplem, políticas económicas que atendam às considerações de ordem ambiental e de justiça social visando um estado superior de desenvolvimento sustentável.

Para tal, é necessário conjugar esforços de toda a sociedade, onde as grandes preocupações deverão contemplar temas importantes como a explosão demográfica, desenvolvimento industrial, nova política educacional, entre outros. Para que possa ser alcançado, o desenvolvimento sustentável deve-se constituir um objectivo para toda a humanidade. “Os povos devem unir-se e em parceria combater os problemas ambientais com soluções imaginativas e eficientes e tentando desenvolver em todos os cidadãos uma consciência ecológica, alicerçada na ética ambiental”[2], no sentido de criar uma sociedade moderna onde a crise de valores será afastada evitando assim uma crise ambiental. 1088146515888S

Ao longo do tempo têm surgido imensas tentativas e acções, o que me parece bastante positivo, quer pelos programas e estratégias que têm vindo a ser discutidos ao nível mundial e europeu, quer através de diversas acções de Educação Ambiental direccionadas para as camadas mais jovens, para que as gerações futuras tenham um maior respeito pela natureza. Contudo, penso que ainda há muito por fazer sobretudo no sentido de alterar o espírito e a cultura.

Ainda nos situamos no patamar, onde somos confrontados com a realidade de estarmos “mais perto do colapso do que do desenvolvimento sustentável. Se o curso do mundo continuar como se encontra actualmente, com o império do curto prazo a dominar as decisões individuais e colectivas, então será o naufrágio da história e não a sua continuidade, com novo vigor aquilo que o futuro nos reservará com um elevado grau de certeza”[4].

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[1] - BJorn Stigson, presidente do WBCSD (World Business Council for Sustainable Development)

[2] Viriato Marques, 200

[3] Citado por Constantino Sakellarides, 2006

[4] Viriato Marques, 2005

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