domingo, 3 de abril de 2011

Vigilância Sanitária da Água de Consumo Humano

Gradualmente tem vindo a aumentar a importância, na nossa sociedade, de assegurar a qualidade da água para consumo humano quer pela sua influência na saúde quer pela necessidade de salvaguardar e promover a sua utilização de uma forma sustentável.

Na realidade, o desenvolvimento e expansão das sociedades actuais exigem cada vez mais uma maior necessidade de água. Esta necessidade torna mais complexo e dispendioso o seu fornecimento em quantidade e qualidade. De facto um dos principais problemas que surgiram neste século é a crescente contaminação da água, de tal maneira que na maioria das vezes já não podemos consumi-la no seu estado natural.

Fonte: EPAL
Para fazer frente a esta situação, a vigilância em saúde ambiental, consiste num conjunto de acções adoptadas continuamente para garantir que a água consumida pela população seja própria para consumo.

Segundo o Decreto Lei n.º 306/2007 de 27 de Agosto, que estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano, é da responsabilidade da autoridade de saúde assegurar a vigilância sanitária da qualidade da água para consumo humano, fornecida pelas entidades gestoras,  devendo simultaneamente avaliar o risco para a saúde humana da qualidade da água destinada ao consumo humano.  
O grande objectivo deste diploma consiste ao fim ao cabo em proteger a saúde humana dos efeitos nocivos resultantes da eventual contaminação da água e assegurar o seu fornecimento de uma forma salubre, limpa e desejavelmente equilibrada na sua composição.

O Programa de Vigilância Sanitária de Água para Consumo Humano (ACH) desenvolve-se segundo 3 vertentes:

Higio-sanitária e Tecnológica – Acções de avaliação das condições de higiene e segurança a nível das instalações e do funcionamento e a análise das medidas de gestão e manutenção da qualidade da água e dos equipamentos

Analítica – Realização de análises complementares ao Programa de Controlo da Qualidade da Agua (PCQA) e de outras acções necessárias para a avaliação da qualidade da água para consumo humano.
Envolve:
- a colheita de amostras para análise (microbiológica, físico-química ou outras)
- a verificação do cumprimento do programa de controlo da qualidade da água distribuída.

Epidemiológica – Permite a comparação e interpretação da informação obtida através dos programas, com recurso a dados de caracterização do estado de saúde dos consumidores, sendo a necessidade e a definição destes estudos da competência das autoridades de saúde de acordo com cada realidade local.


Acções de Vigilância Sanitária (VS) e Articulação com a Entidade Gestora (EG)


*VP- Valores paramétricos                *PCQA- Programa de Controlo da Qualidade da Agua
*AS- Autoridade de Saúde
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Durante a primeira semana de estágio efectuei em conjunto com a técnica de saúde ambiental, colheitas de água para consumo humano, onde percebi na realidade a importância da representatividade da amostra, pois a qualidade da colheita vai determinar a qualidade da informação analítica e portanto, é fundamental realizá-las de acordo com os procedimentos. Deste modo é garantido que os parâmetros a analisar possuam o mesmo valor que no sistema a estudar, e assim conseguiremos levar a cabo acções consentâneas com os resultados obtidos.

  
Para terminar, gostaria ainda de partilhar uma reflexão que realizei após esta intervenção, pois através do contacto que tive com as pessoas durante as colheitas, apercebi-me que ainda existe a ideia geral de que, desde que a água se apresente incolor, insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro), está própria para consumo. É também por este motivo que, mesmo com os alertas lançados, as pessoas  continuam a abastecer-se em fontes e fontanários, não ligados à rede pública, onde a qualidade dessa água pode colocar a sua saúde em risco. E falando em risco, parece-me este o momento ideal para caracterizar os dois tipos de riscos associados ao consumo de água imprópria para consumo, que a meu ver poderá potenciar ou mitigar este tipo de comportamento.

- Risco imediato ou a curto prazo:  geralmente associado à contaminação microbiana e portanto os seus efeitos costumam ser imediatos.

- Risco a médio ou longo prazo: associado ao consumo regular e contínuo de água contaminada por compostos químicos, e portanto tem um efeito cumulativo no organismo, não sendo os seus efeitos visíveis no curto prazo.

Posto isto, parece-me que associada a esta realidade está a percepção de risco de cada um, que se prende com a estimativa subjectiva do risco entre situações de efeitos retardados e imediatos, ou seja de um modo geral, as pessoas que não “vêem” ou sentem os efeitos do consumo de água contaminada não percebem este risco como sendo real.

É fundamental que continuemos a reunir os nossos esforços no sentido de informar e formar a população para estas questões, pois todos sabemos que a mudança de comportamento não é tarefa fácil e exige dos profissionais envolvidos nestas questões o desenvolvimento de acções integradas, direccionadas e bem estruturadas!

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